A feitiçaria foi, e em algumas regiões ainda costuma ser, encarada como uma maneira de explicar o infortúnio. Acreditava-se que estes infortúnios geralmente eram causados por deuses, espíritos, demônios, fadas ou até mesmo outros seres humanos com algum tipo de habilidade fora do comum em lançar um feitiço, magia, encantamento ou maldição. Essa é a figura da bruxa, uma pessoa má que em muitas vezes teve sua imagem associada ao Diabo e à adoração do mesmo. Durante séculos, bruxas foram caçada e torturadas sob tais acusações, desde uma simples má sorte até casos mais graves como doenças; tais como tuberculose, hanseníase, epilepsia e a úlcera de Buruli bacteriana.
Haviam muitas maneiras de fazer magia e lançar feitiços, por meio de rituais, palavras ou versos para emanar e conjurar seu poder. As bruxas utilizavam runas e selos que eram marcados em objetos afim de lhes conferir algum tipo de poder mágico, o uso de ervas como amuletos ou no preparo de poções com o objetivo de causar algum mal às suas vítimas. A arte da adivinhação era comumente feita através de espelhos, espadas e por muitos outros meios.
O medo do desconhecido é uma característica intrínseca do ser humano, a possibilidade de ter uma bruxa por perto representava uma ameaça. Meios para determinar quem era a bruxa sempre foram duvidosos, as pessoas com alta probabilidade de ganhar o título de bruxa costumavam ser os antissociais, indivíduos que não participavam das ações sociais da comunidade, os esquisitos, os solitários, pessoas que tivessem olhos avermelhados ou que eram estrábicas, os gananciosos, mal-humorados, preguiçosos e rebeldes. Acusar pessoas de bruxaria se tornou uma prática por motivos banais e jogos de interesse, homens movidos por ciúmes acusavam mulheres de serem bruxas; inimigos, amigos e vizinhos também sofriam acusações sob qualquer tipo de infortúnio que se estabelecesse na vida de alguém que se achava no direito de julgar quem seria apto a receber a culpa.
Acreditava-se que a bruxa possuía dois modos de operar, por meio de um poder interno que ela direcionava para um determinado propósito ou via manipulação de ferramentas e substancias. Não era evidente o modo como elas possuíam esse poder ou o conhecimento necessário para usá-lo, muitas teorias rondavam o imaginário da humanidade, seres que viviam dentro do corpo da bruxa induzindo que ela cometesse tais atos, algum tipo de substância contida em seus corações, uma infecção, possessão ou até mesmo um órgão extra que produzia o desejo por sangue.
O estereótipo da bruxa maligna se alastrava, as pessoas tinham medo, outras aproveitavam do medo dos demais para conseguir o que queriam. A bruxa era um ser de ódio e rancor que matava até a pessoa mais próxima de seu convívio, elas se reuniam à noite para traçar planos maléficos, dançar sob a luz do luar completamente nuas, exumar cadáveres e utilizar partes deles em suas magias destrutivas, assim como se aproveitar da vulnerabilidade das pessoas durante o sono. Como se isso não bastasse, a bruxa ainda representava uma ameaça mesmo dormindo em casa, pois acreditavam que ela tinha o poder de desprender o espírito do corpo e cometer suas atrocidades mesmo durante o sono.
As sociedades que acreditavam na chamada “magia negra”, ou seja, a magia prejudicial, também acreditavam na “magia branca”, ou magia útil. Os praticantes da tal magia branca prestavam serviços como quebra de feitiços, cura, adivinhação, encontrar bens perdidos ou roubados e a tão famosa magia do amor para atrair a pessoa desejada. Eram conhecidos como pessoas sábias, ao contrário das bruxas, eram pessoas consideradas boas e, em muitas vezes, estavam envolvidas na identificação de supostas bruxas.

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