Título: Mestre Gil de Ham
Título Original: Farmer Giles of Ham
ISBN: 978-85-7827-577-8
Autor: J. R. R. Tolkien
Ano: 2012
Páginas: 104
Gêneros: Ficção - Literatura infantojuvenil
Editora: WMF Martins Fontes
Editora: WMF Martins Fontes
Ilustração: Alan Lee
Tradução: Waldéa Barcellos
1ª Publicação: 1949
Restam poucos fragmentos da história do Pequeno Reino, mas por acaso um relato de sua origem foi preservado; talvez mais uma lenda que um relato, pois evidentemente se trata de uma compilação tardia, cheia de fatos assombrosos, derivada não de crônicas confiáveis, mas das baladas populares às quais seu autor faz freqüentes referências. Para ele, os acontecimentos que registra já estavam num passado remoto; não obstante, ele próprio parece ter vivido no território do Pequeno Reino. Todo conhecimento geográfico que revela (o que não é seu ponto forte) é daquela região, ao passo que de outras regiões, ao norte ou a oeste, não conhece nada.
Um motivo para apresentar uma tradução desse interessante relato, passando-o do seu latim insular para o idioma moderno do Reino Unido, pode ser a visão de época que ele nos proporciona, num período obscuro da história da Grã- Bretanha, sem mencionar a luz que lança sobre a origem de alguns topônimos difíceis. Há quem considere o caráter e as aventuras de seu herói interessantes por si mesmos.
Os limites do Pequeno Reino, seja no tempo ou no espaço, não são fáceis de determinar a partir destes parcos indícios. Desde que Brutus chegou à Grã- Bretanha, muitos reis e reinos surgiram e desapareceram. A partilha entre Locrin, Camber e Albanac foi apenas a primeira de muitas divisões provisórias. Fosse pelo amor à mesquinha independência ou pela ganância dos reis por ampliar seus territórios, guerra e paz, júbilo e pesar alternavam-se durante o ano, como nos contam os historiadores do reinado de Artur: uma época de fronteiras incertas, na qual homens podiam ascender ao poder ou tombar de repente; e os bardos tinham material em profusão, bem como platéias atentas. Em algum ponto desse longo período, talvez depois dos tempos do Rei Coel, mas antes de Artur ou dos Sete Reinos Anglo-Saxões, é onde devemos situar os acontecimentos aqui relatados; e sua ambientação é o vale do Tâmisa, com uma incursão a noroeste até as muralhas do País de Gales.
A capital do Pequeno Reino localizava-se, tal como a nossa, no extremo sudeste, mas seus limites são vagos. Parece que ela nunca se estendeu muito a oeste, Tâmisa acima, nem passou de Otmoor, na direção norte; e seus limites orientais eram indefinidos. Num fragmento de lenda sobre Georgius, filho de Gil, e seu pajem Suovetaurilius (Suet), há indicações de que a certa altura um posto avançado próximo ao Reino Médio teria sido mantido em Farthingho.
Ægidius Ahenobarbus Julius Agricola de Hammo, conhecido por seu nome abreviado e na forma vulgar “Mestre Gil de Ham”, morava na região mais central da Ilha da Grã-Bretanha, mais especificamente na aldeia cujo nome atende-se por Ham. Trata-se de um homem de barba ruiva, um camarada lento, bastante acomodado em seu estilo de vida e totalmente absorto nos próprios assuntos. Garm, seu cachorro, que tinha que se contentar com seu nome curto, assim como todos os cães do vernáculo, o latim dos livros era reservado para os seus donos. Garm não consegui falar nem latim macarrônico, mas se comunicava perfeitamente com os humanos.
Em uma de suas escapadas noturnas, Garm sai para procurar coelhos e se depara com um gigante míope e bastante surdo, do qual não há relatos de seu nome, que habitava os Montes Ermos ao noroeste, longe de Ham, juntamente com as fronteiras das terras misteriosas da região serrana que, em um belo dia de verão saiu para passear e, perambulando sem destino acabou se perdendo. Desesperado, Garm volta para alertar seu dono menos desprovido de coragem, que mesmo assim, armado de sua bacamarte vai averiguar a situação, pois estava preocupado com suas vacas e carneiros, acaba atirando e acertando o olho e o nariz do tal gigante que pensando ter sido picado por um grande inseto feroz, foge, fazendo assim do nosso rabugento e não muito corajoso Mestre Gil de Ham, o herói que afugentou o gigante.
Até onde essa fama de herói leva um sujeito parado e resmungão como o Mestre Gil? O moleiro da aldeia que sempre troca respostas mordazes com ele, inimigos do peito, sempre dá risos quando o vê enrascado em alguma situação complicada. O ferreiro, um homem lento e sombrio, conhecido como Sam Risonho (apesar de seu nome ser Fabricius Cunctator), sendo um sujeito pessimista, está sempre fazendo previsões catastróficas. O pároco, porta voz da cidade, conselheiro e descobridor da Caudimordax, lançou Mestre Gil numa destemida jornada na companhia de sua égua cinzenta, companheira fiel, por livre e espontânea pressão para derrotar um terrível dragão.
Como O Hobbit e Roverandom, Mestre Gil de Ham foi criado por J. R. R. Tolkien, inicialmente para entreter seus filhos, mas a história cresceu e se tornou mais sofisticada. Sua versão final é indicada para leitores de todas as idades que apreciam uma boa história, relatada com imaginação e bom humor.

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