Jean-Baptiste Monge nasceu em 11 de junho de 1971 em Nantes na França. Depois de 15 anos na Bretanha, ele decidiu continuar a sua aventura em Montreal, Canadá, onde ele está atualmente trabalhando em projetos para a Sony Pictures e a indústria de games.
Monge não era um bom aluno e seus pais não eram ricos. Eles não tinham como colocá-lo em uma escola de artes que gostaria de estar, se tivesse essa chance escolheria uma escola de animação em Paris, Les Gobelins. A verdade é que ele aprendeu tudo sozinho. Ele saiu da faculdade cedo e mediante um anúncio, uma escola gráfica em Nantes o aceitou em suas aulas graças ao seu portfólio e, não à suas boas notas na faculdade! Passou dois anos estudando lá, mas não aprendeu o que realmente queria, então saiu e foi trabalhar com publicidade, não foi algo emocionante, mas pôde aprender como trabalhar profissionalmente durante esse tempo. Então conheceu Erle Ferronnière (co-autor dos livros de Halloween e À la Recherche de Féerie tomo I ao tomo II) com que compartilhou uma grande aventura e, finalmente começou a fazer o que realmente queria.
São tantos os artistas que lhe inspiraram e ainda inspiram, quando era menino tinha lido Tio Patinhas, a Disney sempre o fizera sonhar! Foi sua primeira e verdadeira inspiração. Cresceu lendo Tolkien, o que o fez perceber que o universo que habita sua mente existe e que é possível criar o mundo de sua imaginação. Quando estava com seus 14 para 17 anos de idade, na adega de seus pais havia os livros de Edgar Rice Burroughs (John Carter, Tarzan). Ele os leu, é claro, mas sua atenção voltou-se realmente para as capas que foram ilustradas por Frank Frazetta. Nessa mesma época descobriu o livro “Faeries” de Brian Froud e Alan Lee, mas não comprou, pois estava em inglês e não lia muito bem inglês nesse tempo. Ama o traço de Alan Lee, são perfeitos segundo Monge, mas o estilo de Brian Froud é simplesmente demais, vai além do que Alan faz. Encontrou tanta inspiração nesses artistas e logo em seguida conheceu o filme The Dark Crystal. Algo incrível.
Era difícil encontrar livros que realmente gostasse, já que não havia internet nessa época. Todos os livros que queria estavam em inglês, nem poderia imaginar que haviam tantos. Aos 17 anos continuava lendo e descobriu tantos artistas: Os pintores pré-rafaelitas e os pintores pompiers como seus amigos artistas Erle Ferronnière; J. W. Waterhouse, Gerome, Gustave Doré, John Bauer, Edmund Dulac, Arthur Rackham, e Alphonse Mucha. Descobriu a arte de Norman Rockwell (seu segundo mestre depois de Disney), Leyendecker, Haddon Sundblom, Rien Poortvliet... A lista nunca terminaria. Mas hoje, eles são tantos que certamente acaba esquecendo alguns, seus amigos franceses: Pascal Moguérou, Erle Ferronnière, Olivier Ledroit todos muito talentosos, mas também ingleses e artistas americanos como John Howe, Paul Bonner, James Gurney, PJ Lynch, James Browne, o mundo da Pixar, Dreamworks, a Disney... Todos eles dão a força para seguir em frente. Quanto mais segue seu caminho, mais encontra outros artistas talentosos que têm a sua própria percepção, e isso o faz tentar coisas diferentes. Ainda está aprendendo de fato! Monge se diz como Jack Skellington de Tim Burton: Ele quer saber e quer entender como cada coisa é feita. É a sua maldição e seu fardo.
Além dos tantos artistas, há mais coisas que o inspira, em primeiro lugar seria as paisagens e o clima (chuva, neve, neblina), o claro e o escuro, o momento antes do amanhecer. Em segundo lugar, árvores, florestas, é realmente muito inspirador. Animais, pessoas, arquitetura e todas as outras coisas que compõem o mundo. Está sempre olhando as pessoas na rua, às vezes olha fixamente, o que pode ser assustador paras a pessoa que está sendo observada. Sua mãe sempre disse que não se deve olhar pessoas dessa maneira, mas Monge não consegue se conter, é uma inspiração. Encontra aparências, recursos, algo para ser imitado, realmente adora isso. Prefere homens velhos com rostos enrugados e corados. Nunca esboça na rua, mantém tudo em sua mente e, em seguida, muitas vezes sonha com o que viu e cria novos personagens.
Monge é um pintor tradicional, a pesar de que acaba usando o digital, mas isso é mais para seus concept art para jogos de vídeo games e filmes. É mais rápido e mais conveniente para trabalhar e modificar os personagens assim. Comprou uma Cintiq quando Brian Pimental da Sony Pictures Animation o chamou para trabalhar em seu projeto em 2009.
Em seu trabalho tradicional, usa aquarela e guache branca para adicionar luz em papel aquarela. Ou às vezes usa tinta acrílica, não em tubo, odeia acrílica em tubo, a textura lhe parece plástico. Tudo depende do que será feito. Primeiro faz um esboço com carvão vegetal ou vários deles, quando chega num desenho que lhe agrada mais, transfere-o para a tela e adiciona a cor. Ele é uma pessoa curiosa, toca em tudo, tenta de tudo. Ele tem trabalhado bastante com o digital, no intuito de aprender. Tem achado sua Cintiq tão fantástica. Aprendeu usar o Zbrush. Que em sua opinião é uma boa ferramenta.
Monge não é tão rápido como gostaria de ser, mas ele começa a criar coisas e isso é bastante agradável. O Zbrush pode ser uma vantagem para alguns concept art. Algumas pessoas preferem ver o trabalho em 3D, mas outros não. Quando cria um personagem 2D, sabe como ele seria em 3D e graças ao programa pode mostrar seu volume. Então pode explicar sua visão simplesmente mostrando, um esboço rápido no Zbrush já dá uma ideia do que ele quer transmitir. É também um trunfo para criação de uma imagem, quando tem uma dúvida sobre a perspectiva, vai esculpir e então pode escolher melhor o ângulo para compor a imagem.
Seus personagens vão evoluindo à medida que vai desenhando, Monge gostaria de ter uma mente organizada para que pudesse construir suas ilustrações sem que houvesse alterações, tendo uma idéia clara do que quer antes mesmo de começar os primeiro traços. Nunca está satisfeito, ele muda, apaga, e alguns momentos desiste, começa de novo e de novo e começa mais uma vez até sentir que o desenho está ganhando vida. Quando estava desenhando o "Puxando o Alambique" ele sabia que o desenho estava terminado quando ouviu o som da chuva que caiu na lama.
São tantas as referências utilizadas para criar seus personagens, 80% vem de sua imaginação, o resto de livros dos artistas que ama ou da internet que tem um banco de dados enorme. Normalmente coloca algumas coisas que vem de sua mente como referência e aí os reorganiza. Por exemplo, para o rosto do personagem tem algumas fotos que usa pra cor da pele, a forma dos rostos geralmente vem de sua imaginação, as caretas faz em frente de um espelho ou vem de pessoas que encontra na rua. Ele particularmente apela para a memória em sua arte. Senta-se à sua grande mesa branca lotada de livros com referências para começar a desenhar, é pura diversão, muitas vezes coloca um filme previamente escolhido no fundo para definir o humor e ouvir músicas diferentes.
Ao criar um personagem, Monge declara o esboço sendo a parte mais divertida do processo, encontrar a pose e a idéia é algo realmente divertido, é um momento tão vivo. Depois encontra o prazer nas texturas que são encontradas nos detalhes de seu trabalho. Os detalhes dos rostos e roupas de pequenas pessoas, os animais, seria capaz de passar horas e horas para encontrar a cor perfeita com o tom perfeito e leve para a pele, um pano ou um sino. Alguns dizem que ele é algum tipo de geek e... Essas pessoas estão certas.
Dentre seus personagens, seus favoritos são Dunlee Dornan, a capa do Celtic Faeries, a ilustração que ganhou o prêmio de prata em Spectrum 16. O porco que está puxando o alambique sob a chuva, Whiskey Man, Ragnarok le grand Dragon, que tem sido, infelizmente, mal impresso no livro. O original é cheio de detalhes, mas no livro, parece que é uma qualidade de guache ruim.
Os designers de personagens que atuam hoje dos quais Monge considera seus favoritos são: Iain McCaig, os caras da Oficina Weta (Paul Tobin ...),Peter de Sève, Aleksi Briclot, Nicolas Marlet que trabalhava em Kung Fu Panda e Como Treinar o seu Dragão (Dreamworks), Alan Lee, é claro, Chris Sanders (Lilo e Stitch ...), Glen Keane (Tarzan, Pocahontas, A Pequena Sereia), Jin Kim (Tangled) e tantos outros que gostaria de conhecer pessoalmente.
O que Monge gostaria é de realmente entrar no mundo da animação e de participar com uma grande equipe para criar um projeto do início ao fim. Algo que estaria nos maravilhosos anos de 1900 em Londres. É algo que tem em mente desde tantos anos. Assim como tantos, Monge tem seus momentos de bloqueio artístico e sua teimosia em continuar a trabalhar em projetos é o que o ajuda a superar isso.
A lição mais importante que aprendeu na vida foi quando estava começando a trabalhar com seu amigo Erle Ferronnière. Aprenderam um com o outro a trabalhar muito sem ter medo de gastar uma grande quantidade de seu tempo em um projeto, e continua a aplicá-la. "É com o tempo que nós desenvolvemos nosso próprio universo" Norman Rockwell costumava dizer que quando ele era jovem, era difícil encontrar idéias para suas ilustrações, mas com o tempo, acabou percebendo que nunca teria tempo para pintar tudo o que tinha em mente.
Já uma lição que aprendeu durante sua carreira é a teimosia, você faz ou você não faz, mas é melhor fazer, caso queira seguir em frente e ter sucesso, não desista na primeira dúvida e, caso tenha oportunidade, compartilhar o que está fazendo com os amigos é um ambiente muito rico e prazeroso para a mente.
A chave para criar um personagem atrativo é a imaginação, Monge começou a copiar aqueles que gostava e inspirava, então fez seus próprios personagens. Todos nós estamos sentindo a inspiração de outras pessoas, isso é normal. Mas a magia está por trás da nossa percepção, uma mesma cena pode ter milhares de olhares nas mãos de diferentes artistas, mas pode ser única e especial com muita imaginação
Algumas pessoas dizem que ser ilustrador não é um trabalho, outras dizem que é o melhor emprego do mundo, e de fato é! Mas é um trabalho difícil, alguns não conseguem ganhar a vida dessa maneira e deve ter outro emprego para se manter. É difícil começar, exige certo investimento, mas não se pode deixar que isso o impeça. Monge estava nessa situação, seus pais não podiam o ajudá-lo, passando através do medo, da dúvida, da depressão, da raiva muitas e muitas vezes, se sente como se estivesse perdendo o controle, em sua percepção as coisas que os outros fazem são melhores que a sua. Então chega o momento que se deve ter firmeza acima de tudo, descobrindo que nisso tudo há diversão, boas pessoas ao seu lado, orgulho e felicidade sobre o que está fazendo. O lance é ter imaginação, trabalhar e não desistir. Monge carrega cinco palavras consigo: Curiosidade, Imaginação, Observação, Trabalho e Reuniões.

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